Escolhido em uma concorrência fechada, o projeto para a nova sede da Wunderman Brasil Comunicação, está implantando no 23º pavimento da torre C do conjunto Corporativo Rochaverá, projetado pelo escritório Aflalo & Gasperini. Este conjunto tem por característica a volumetria das torres em forma de prismas com uma das faces inclinadas como que formando cristais. Esta movimentação volumétrica se restringe ao aspecto externo, sendo o interno do conjunto completamente tradicional, sem surpresas ou intenções espaciais maiores.
Nós da SCAA, temos buscado em nossos projetos, criar espaços corporativos que se destaquem por uma conceituação espacial que possa incorporar valores arquitetônicos à qualidade do espaço de trabalho, de forma a que todo o ambiente tenha um tratamento coerente que se aplique por todas as áreas do escritório, especialmente às áreas operacionais, onde os usuários passam a maior parte de suas horas diárias. O tratamento espacial diferenciado, não deve se restringir às áreas de recepção, café e convivência, que muitas vezes são carregadas em recursos e elementos pictórico-decorativos, em detrimento do espaço operacional.
O conceito é criar uma imagem corporativa, e um espaço qualificado e propositivo como um todo.
O pavimento, com 1.600m2 de área de carpete, tem uma visão panorâmica (360°) sobre a cidade. O programa de necessidades é relativamente simples, 200 postos operacionais, salas de reunião para 10,8, e 4 pessoas, saletas para reuniões de trabalho dentro da área operacional, áreas técnicas e de apoio. Sua particularidade está nas recepções: uma sendo a principal, e duas segregadas para empresas adjuntas à Wunderman. Estas se localizam nos extremos opostos do hall dos elevadores de maneira a funcionarem de forma totalmente independente. Cada recepção tem seu próprio jogo de salas de reunião e comunicam-se independentemente à área operacional. Este programa de recepções, reuniões e demais áreas de apoio estão agrupadas em dois prismas (referência à volumetria externa do edifício) revestidos em vidro pintado preto, que se destacam no espaço do escritório, organizando os espaços livres remanescentes onde se distribuem os postos de trabalho, e liberando as visuais deslumbrantes sobre o entrono.
Ainda sobre estes prismas, eles são áreas isoladas em divisórias corta-fogo, cumprindo o papel de compartimentação exigido pela legislação de combate à incêndio. Este artifício permite que se obtenha um espaço circundante contínuo entre as áreas de trabalho e convivência, sempre com a vista panorâmica da cidade, que se reflete igualmente na superfície espelhada dos prismas.
Dos prismas partem linhas diagonais que se prolongam pelo piso desenhado em duas cores de carpete (preto e cinza), definindo as circulações, áreas distintas de trabalho e reuniões informais.
Do ponto de vista da planta, estas diagonais e a disposição das mesas operacionais em linhas defasadas, conferem uma dinâmica ao lay-out, alterando as larguras e direção dos percursos, que de outra forma seriam por demais monótonos e longos.
Separando os grupos de mesas operacionais (de 6, 8, 10 e 12 lugares), divisórias em vidro temperado 10 mm, que não chegam ao teto, formam pequenas saletas onde estão localizadas mesas para reuniões internas de trabalho. O formato destas divisórias (em ângulos obtusos) faz com que elas se estruturem por si só, sendo simplesmente travadas em suas extremidades por tirantes em tubos de alumínio de 2,5 cm ancorados na laje de concreto.
Em pontos espalhados por toda a planta, pequenos estares com mobiliário colorido criam pequenos pontos de reunião mais descontraídos, contribuindo para a quebra da monotonia e possibilitando maior integração e espontaneidade nas atividades de trabalho.
Na fachada sul, ladeando um dos dois prismas em vidro preto, ficam as áreas de convivência e café. Dentro da conceituação do projeto, partindo do hall dos elevadores, o projeto vai desconstruindo o carácter “internacional” do escritório corporativo. Na recepção, em contraste com o piso de madeira Guajuvira, o balcão em vidro branco e a parede em vidro preto, o forro de gesso acústico possui sancas circulares que deixam à mostra a laje de concreto e parte das instalações, como um testemunho do que se esconde por detrás. Nas salas de reunião principais esta proposta se amplia, sendo a laje de concreto nervurada e as instalações aparentes o centro de atenção da sala, tendo ao fundo a vista sobre a cidade e a ponte estaiada. Também na sala do presidente este conceito está presente.
Passando pelas portas da recepção este conceito agora se radicaliza: os prismas de vidro preto são percebidos como volumes soltos no pavimento, suas paredes diagonais refletem os espaço de trabalho e dramatizam esta transição espacial.
No espaço de trabalho, todas as instalações estão aparentes. O sistema de ar condicionado, as instalações elétricas e lógica, sprinklers, exaustores, detectores etc. foram projetados de forma que a leitura fosse franca, embora controlada. Por exemplo, os dutos de ar condicionado e demais instalações estão posicionados em consonâncias com os planos de forro, de forma que as áreas de laje aparente prevaleçam nas áreas de interesse do projeto.
Esta laje não recebeu nenhum tratamento, estando à mostra tal como ele se encontrava originalmente. Nas áreas de convivência e pequenos estares, placas de lã de PET foram instaladas nos alvéolos da laje para absorção acústica.
Os planos de forro pendentes em gesso acartonado, foram projetados em apenas 02 modelos, medindo o maior 7m de comprimento. Eles têm uma inclinação assimétrica que está voltada hora para um lado hora para o outro, isto somado a defasagem entre seus alinhamentos cria uma volumetria dinâmica e peculiar. Nestes planos temos lâ mineral ensacada instalada sobre os mesmos, isto tem a função de absorção acústica do som reverberado pela laje.
Ainda nestes planos de forro estão instalados os difusores de ar-condicionado de alta indução, sprinklers e detectores de fumaça. Pendentes sob os planos de forro, luminárias de iluminação direta e indireta, conferem ao mesmo tempo a iluminação necessária no plano trabalho e uma iluminação refletida que somada à inclinação dos planos de forro acentua ainda mais a volumetria. Desta forma temos a valorização e destaques destes planos de forro sobre as instalações aparentes. Este tipo de iluminação também contribui para que o projeto tenha uma grande racionalidade no uso da iluminação, uma vez que a mesma se concentra onde é necessária.
Ainda sobre a iluminação as saletas de trabalho são tratadas de forma diferenciada. Luminárias complementares em lâmpadas fluorescentes compactas e dicroicas complementam a iluminação das área de interesse, core central e marcação de fachada. Elas propiciam a variação de tonalidade e tipo de luz completando o dinamismo. Por fim os mesões de trabalhos são simples e brancos , com pés laterais tipo painel que dialogam com as placas de forro, e se contrastam com as cores do piso.
Em resumo, o projeto da Wunderman Brasil apesar de composto de elementos simples e corriqueiros aos escritórios corporativos, alcança com sua abordagem e articulação entre os elementos, uma qualificação espacial que lhe confere um caráter particular.
FICHA TÉCNICA
Projeto: Wunderman Brasil Comunicações
Local: Conjunto Rochaverá Torre C 23º pavimento S. Paulo-SP
Data do projeto: 2012
Data de conclusão dade implantação:
Área Construída: 1.700 m²
Projeto de Arquitetura e assistência técnica de Arquitetura à implantação do projeto:
SCAA arquitetura
Sergio Camargo (autor)
Thalita Oliveira,Juliana Vilella | Roberto Zimbres | Karolina Carloni (equipe)
Fotografias: Nelson Kon
PROJETOS COMPLEMENTARES
Luminotécnica: LIT Arquitetura de Iluminação
Consultoria Acústica: AKKERMAN Projetos Acústicos
Ar-condicionado e exaustão : EPT Engenharia
Instalações: GREEN Projetos e Consultoria
Combate a incêndio: FOCUS Sistemas de Segurança
Cftv, detecção de incêndio : CONTROLLER BMS
Audio e vídeo: DW áudio
Gerenciamento e Implantação: ATHIÉ | WOHNRATH